Eu tenho um relacionamento estável.
Sim eu
sou a mesma mulher que diz que não acredita no amor, que gosta de ficar
sozinha e que se define como não-monogâmica. De fato, nessa história que eu vou
contar pra vocês, eu continuo sendo tudo isso, mas a verdade é que eu tenho um
relacionamento estável há meses com uma pessoa que tem um relacionamento
estável com outra pessoa. Obviamente essa outra pessoa não sabe da minha
existência, resta o fato que entre meninos de 23 anos, chaves de cadeia e casas
de swing, a única coisa que continua igual na minha vida é esse relacionamento.
Não há cobranças do tipo: "onde você está?"; não há constrangimentos do tipo: "onde estamos no relacionamento?" ou "Estamos namorando? Não estamos namorando?". Nós simplesmente vivemos o relacionamento sem definir nada.
E o relacionamento dele vai muito bem obrigada. Não tem crise, não está complicado, simplesmente tem coisas que faltam e que eu supro e a monogamia e o suporte que eu não seria capaz de dar, ela dá. Acho que é um belo trabalho de equipe.
Eu não sei se seria capaz hoje de assumir um relacionamento sério e monogâmico. Aliás, seria, com quem vocês já sabem, mas essa pessoa não me quer, portanto, eu vou continuo à estaca zero, querendo liberdade, independência, a possibilidade de conhecer pessoas novas e fazer sexo com quem eu bem entender, na hora que bem entender.
Ele já super me demonstrou que me quer, verbalmente e por atitudes também, sem joguinhos, sem infantilidades, pois eu acho que quando a pessoa quer ela corre atrás e ele já correu, ô, se já correu. Porque eu fujo de sentimentos, quando uma coisa tá ficando mais séria, eu fujo igual o diabo foge da cruz. Mas ele me demonstrou que gosta de mim, então...
A gente faz assim: quando ele quer e pode ou eu quero e posso, estamos juntos e é maravilhoso. Ele é novo, mas sabe das coisas na cama, acho que até já comentei sobre ele aqui, pois ele me ensinou várias coisas legais. Embora ele não acredite em astrologia, é capricorniano raiz, ou seja, tem um espírito de velho e é mega careta, enquanto eu estou na fase de descobrir as coisas que a minha adolescência e juventude não permitiram.
Mas, como eu já disse, sou livre por todo o resto do tempo e posso fazer minhas coisas sem atrapalhar o relacionamento. Se estivéssemos em um namoro monogâmico eu não poderia fazer várias coisas que eu gosto e ele não e vice-versa. Aquela história de ter que ceder para o relacionamento dar certo, sabe? Não tô muito a fim de ceder nada, quero minha vida do jeitinho que ela é.
Ele me chama de "amor", eu finjo que é fofinho, mas no fundo eu sei que é pra não confundir os nomes, até porque, se ele trai a mulher comigo, deve ter muito mais gente nessa história que eu nem sonho...
Podemos sair em público? Não. Podemos nos ver sempre. Não. Mas pra mim essa é a beleza da coisa, dá saudade e sempre que nos vemos acaba sendo especial. Pois é, quando me perguntam se eu realmente vivo aquilo em que acredito, eu realmente vivo aquilo em que acredito. Por mais que me julguem - e eu estou me expondo aqui pra ser julgada mesmo - eu acho uma grande hipocrisia acreditar que o amor é a dois e só a dois e que relacionamentos são lineares.
Lamento
por ela não saber? Lamento, pois poderíamos todos nos divertir e sermos felizes
juntos, mas nem todo mundo pensa assim ou tem a cabeça aberta a certos tipos de
relações não lineares. Acho que nem ele daria conta se isso fosse uma
realidade. Somos hipócritas, muito hipócritas e preferimos acreditar que esse
tipo de relacionamento é a exceção e não a regra. Mas acreditem, é mais comum
do que vocês imaginam e muita gente vive feliz assim.
É o meu caso.