Pessoas "bonitas" são mais bem sucedidas?

 


Alguns estudos sociológicos, sobretudo os feitos por Pierre Bourdieu, defendem que temos 3 atributos pessoais: o capital econômico (dinheiro, bens), o capital cultural/humano (conhecimento, estudos, habilidades, experiências profissionais) e o capital social (rede de relacionamento, acesso a uma comunidade, tribo, clube). Catherine Hakim, cientista social inglesa, autora do livro que usei como base, acrescenta o Capital Erótico e se questiona se a aparência da pessoa pode levá-la a posições de poder dentro da sociedade.

Capital erótico é comporto pela aparência física, beleza, sex appeal, charme, capacidade de interação, energia social, bom humor, apresentação pessoal (roupas, maquiagem, acessórios, cabelo), sexualidade.

Aparentemente esse capital é majoritariamente feminino e, sim, as mulheres têm esse cuidado e esse atributo pessoal natural, mas os homens também têm e o utilizam muito bem, como vamos ver daqui a pouco.

O que nos perguntamos é: qual é o problema de as mulheres utilizarem esse capital erótico para ganhar vantagem na sociedade. Principalmente numa competição entre homens e mulheres por poder, por equidade salarial?

Normalmente condenamos quem se utiliza desse capital para ganhar dinheiro ou fama. Pensemos nas Panicats, na Anitta, quantas vezes condenamos essas mulheres por viverem dos seus corpos? E mais: consideramos que essas mulheres com muito capital erótico são desprovidas de inteligência, qualidade muito valorizada, como se não fosse possível ter os dois e usar os dois para ter ganhos dentro da sociedade.

Pensemos em como as prostitutas são estigmatizadas, inclusive por homens que se utilizam dos seus serviços. Condenamos também as mulheres que usam seu capital erótico para conseguir um homem rico ou para conseguir um marido, para conseguir um jantar, joias, presentes…

Essa é uma criação do machismo, seja por parte dos homens como de mulheres que julgam e criticam uma à outra em vez de se unirem e se defenderem. Os homens é que criaram a ideia de que as esposas precisam dar servidão, submissão e sexo de graça e que isso é nobre.

Mas os estudos e os fatos dão conta que os homens ganham até 20% a mais quando utilizam seu capital erótico (e da altura: homens altos também ganham mais) no mercado de trabalho em relação a pessoas com uma aparência questionável. É o que a autora chama de adicional por beleza. Não estamos dizendo só que homens ganham mais do que as mulheres, mas que homens bonitos ganham mais que homens feios.

Mulheres, caso se utilizem da sua aparência física para ganhar mais são interesseiras, putas, entre outros xingamentos.

Temos também outro fato: a autora chama de “déficit sexual masculino” que é a diferença entre o desejo sexual do homem e da mulher: homens têm muito mais vontade de fazer sexo do que mulheres, sobretudo quando essas passam dos 30 e/ou experimentam a maternidade. Isso faz com que mulheres sejam monogâmicas e homens, poligâmicos. Pois acreditem: a poligamia masculina é mais comum do que imaginamos. Temos também muitos casais celibatários o que também é mais comum do que se imagina.

O cristianismo tem um importante papel nessa questão: antigamente os ricos precisavam de herdeiros biológicos para que pudessem herdar seus bens e mães monogâmicas eram garantia de que o filho era do marido, já em culturas com mulheres poligâmicas não existe essa certeza. Tornou-se, então, bem visto que as mulheres refreassem sua sexualidade, quando o desejo era alto, e que fosse de bom tom que tudo fosse feito em prol do homem como um dever da mulher.

Portanto me pergunto: por que as mulheres que se utilizam desse capital erótico para obter vantagens financeiras, para obter promoções no local de trabalho ou nos relacionamentos amorosos. E quando falo em capital erótico, não falo necessariamente em sensualidade ou sexualidade, mas naturalmente as mulheres são mais agradáveis, socialmente mais adequadas e, consequentemente, mais persuasivas nas relações interpessoais.

O certo, portanto, seria que as mulheres ganhassem mais e conseguissem se “infiltrar” em profissões normalmente dominadas por homens, mas como vivemos em um mundo machista, isso não acontece.



Ouça Agora