Maternidade é doação!

Mas hoje gostaria de tocar no assunto do meu ponto de vista, do ponto de vista de uma mulher que não pagou para ver, pois não se acha apta a se doar tanto quanto uma mãe se doa e, gente, é uma doação de si, uma doação de si por inteiro, é dessa generosidade extrema que eu vejo e que eu quero falar aqui hoje.

Na semana passada fui à praia e pude ver inúmeras mães levando seus filhos (que estão de férias da escola e portanto quebrando tudo em casa) à praia para curtir suas férias. Fiquei estarrecida 1. com a quantidade de mães que estavam em casa durante a semana (ou seja, há ainda muitas mães que escolhem cuidar dos seus filhos sem trabalhar ou empreendendo) e 2. com o fato de que elas sentam mesmo para brincar com seus filhos. Interessadas na brincadeira. Tá aí algo que eu não me vejo fazendo.

Aquele era realmente um tempo de qualidade com seus filhos. Vi pais fazendo o mesmo, mas a quantidade de mães era absurdamente maior. Elas sentam, se sujam de areia, ficam na água, cada vez mais temos mães percebendo a importância de passar tempo de qualidade com seus filhos em vez de ficar no celular, deixando-os brincar sozinhos.

Lembro que a minha infância foi toda muito solitária, pois sou filha única e não lembro de os meus pais pararem para brincar comigo. O tempo que a gente passava na água indo pro fundo (eu só ia com eles), era um tempo escasso e eu tinha que ficar chamando o tempo todo. Ainda assim eles pouco iam. Às vezes passavam a responsabilidade para algum amigo ou tio. Mas o fato é que eu nunca tinha a atenção só para mim, ou eram os amigos, ou era a cerveja, ou era uma revista ou o cigarro, mas eu estava sempre disputando atenção com algo ou alguém.

Hoje me vejo fazer o mesmo com meus cachorros: estou no celular enquanto eles querem correr e brincar de bolinha e ficam de toda forma chamando a minha atenção. Por isso, hoje coloquei na minha lista de hábitos que quero implementar, um tempo de qualidade com eles, que sejam 15 minutos, mas que sejam só deles. Aprendi muito com essas mães da praia, que largaram provavelmente a casa um caos, o trabalho pela metade, para se dedicar 100% aos filhos. Achei isso lindo e me fez pensar muito.

Fiquei pensando: não é possível que ela esteja gostando de fazer aquilo. De sentar para brincar com uma criança, eu estaria com certeza lendo um livro. Outro dia uma amiga postou no instagram que estava se sentindo a vaca leiteira da filha, pois essa era basicamente sua única função desde que a filha nasceu para cá. Meu primeiro pensamento é: ela escolheu (inclusive, mesmo se eu tivesse filhos, não os amamentaria, tenho agonia demais e também seria uma escolha minha). Mas na verdade ela escolheu ser mãe, que é muito mais do que alimentar um filho, é criar um ser humano completo, até a idade adulta e dificilmente ela pensou que por um período ia ser simplesmente uma fonte de alimentação para outro ser humaninho. 

Não acho que as mães têm filhos pensando na dificuldade, elas passam a vida e os 9 meses de gravidez pensando em como é linda a maternidade, sem romantizar, mas pensando na parte boa, no cheirinho de neném, num sorriso em ver a criança se desenvolvendo. Duvido que tenham noção da dificuldade que é.

Por sorte tenho amigas que não romantizam a maternidade e que me deixam muito tranquila com a minha decisão de não ser mãe, pois eu realmente não estou pronta (e jamais estarei) para passar pela parte ruim. Ia ser lindo escolher adotar uma criança já numa certa idade ou fazer um bebê de laboratório que não mamasse, não chorasse, não fizesse birra e que você só o alimentasse de dados para que ele possa resolver problemas kkkk

Tem algum aí que, como eu, admira demais o "trabalho" das mães mas não tem vontade de passar por algo parecido? Acho que é raro, mas hoje em dia o número de mulheres que simplesmente não querem abrir mão de partes das suas vidas para cuidar de outro ser humano está aumentando, né? Peço que se levantem e aplaudam essas corajosas e generosas mulheres que resolveram doar seu tempo e sua vida a outros seres humanos, acho lindo demais, mas não o desejo para mim.