Somos o nosso DNA ou somos o meio em que estamos submersos?
Bom dia, boa tarde, boa noite, minhas filósofas. Uma coisa que eu sempre me perguntei é: será que somos o nosso DNA ou somos o meio em que estamos submersos? O que faz de uma criança um cidadão de bem? A índole ou a educação? Ou os dois?
Eu sempre defendi (inclusive no meu doutorado) que somos pré-programados para sermos quem somos e que o meio vai aparando as arestas. Mas que essa pré-programação é muito importante. Até mais que o meio.
Isso eu deduzi por me considerar tão diferente dos meus pais e por sempre me opor tão veementemente ao que eles tinham para me ensinar. Acho que aprendi tudo ao contrário, mas não sabia por quê. Penso completamente diferente deles, levo minha vida completamente diferente de como eles levam a vida deles (só temos uma coisa em comum: somos todos lobos solitários).
Isso nos rendeu inúmeras brigas e discussões, uma adolescência infernal e uma emancipação antes da hora. Embora eu sempre fosse muito responsável viver sozinha aos 17 anos pensa nas costas de qualquer um e chega uma hora em que você está cansada de tanta responsabilidade. Acho que isso desencadeou muito da minha depressão.
Depois dessa emancipação, parece que minha vida começou. É que eu comecei a viver a minha vida como sempre quis, instaurar as rotinas que fazem sentido para mim e não para os outros (rotina de almoçar e jantar na mesa, por exemplo, é algo que eu odeio do fundo da minha alma e eu sempre fui obrigada a fazer na casa da minha mãe).
Mas a minha vida se resume a ser a melhor e maior profissional de tradução do Rio de Janeiro e me divertir até não poder mais, beber, sair, conhecer gente, sem medo de ser feliz. Saio inclusive sozinha, sem medo mesmo. Minha mãe é completamente dependente e não sai, meus pai sempre está rodeado de amigos.
De onde eu puxei esse gosto pela farra, pelos swings da vida, pela boemia, pelos homens como objetos? De onde saiu isso? Onde aprendi isso?
Esse fim de semana talvez tenha encontrado a resposta para essa minha pergunta: eu tinha um avô desconhecido, que só reconheceu minha mãe como filha quando ela tinha 35 anos de idade. Eu era novinha. Claramente minha mãe foi concebida em um relacionamento extraconjugal desse senhor e minha avó nunca quis contar para ninguém quem era o verdadeiro pai da criança. Assim, minha mãe cresceu sem pai e eu cresci sem avô materno.
Minha mãe mantém contato com essa família, mas eu nunca tinha ligado muito em ir conhecê-la, domingo resolvi ir e, pelas histórias que ouvi, é daí que vem esse meu lado pervertido! kkkkkkk
Aparentemente esse meu avô era porra louquíssima, mas um dos melhores dentistas do Rio de Janeiro. viveu a época da Bossa Nova, fundou a Banda de Ipanema. Atendia ricos e pobres. Era figurinha carimbada da noite carioca.
Devo agradecer por ter feito essas descobertas à minha tia Daniela que não desistiu de mim e que sempre soube que eu era uma Attademo. Eu realmente me senti uma Attademo no meio da família toda. Nunca estive tão à vontade na vida.
É engraçado como o DNA não nega. A gente não nega nossas origens, mesmo tendo sido criada em um ambiente completamente diferente, sem nunca ter frequentado essa família nem sabido das histórias do meu avô biológico. Mas elas estavam lá, todas dentro de mim. Doideira, né?
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