Por que com algumas pessoas bate a paixão e com outras não?

 



Bom dia, boa tarde, boa noite, minhas azaradas no amor. Você já teve aquele teu amigo que você amou tanto, mas só o amava como amigo? Por que isso acontece? Por que não ficamos logo com pessoas que seriam ótimas pra gente? 

Vamos ver a paixão da perspectiva do cérebro e entender que a paixão e o amor são só questões químicas? Isso faz a gente sofrer um pouquinho menos por macho (pra quem é de macho) ou por outra mulher (pra quem é de mulher). Vamos lá.

Primeiro vamos dizer que emoções e sentimentos são diferentes. A emoção ocorre no cérebro reptiliano, aquele mais primitivo, que cria reações químicas no seu corpo e altera seu estado físico. É ele que produz as sensações de fuga em situações de perigo e fez com que nossa espécie sobrevivesse ao longo de milênios. Emoções são físicas e instintivas e, portanto, podem ser medidas por fluxo sanguíneo, atividade cerebral, micro-expressões faciais e linguagem corporal. São basicamente as mesmas em toda a espécie humana e em outras espécies.

Já os eventos são processados no neocórtex que é a parte mais nova do cérebro responsável pelo pensamento, pelo racional, pela noção de futuro, por exemplo. Portanto são subjetivos , pois envolvem estímulos cognitivos, geralmente subconscientes, que não podem ser medidos com precisão. Ou seja, se as emoções aceleram seu coração, o fato de você perceber isso gera um sentimento.

Ele se divide em algumas fases, e a primeira delas é o que chamamos de paixão ou amor romântico, um sentimento de curta duração (geralmente de 12-18 meses) e alta intensidade que pode ocasionar estados de hiper motivação, estresse e perda da razão, podendo chegar até a comportamentos de dependência, obsessões e compulsões.

Quando olhamos para o rosto de alguém por quem estamos profundamente apaixonados, um grande número de áreas do cérebro está envolvido: três dessas áreas estão no próprio córtex cerebral e várias outras estão localizadas em regiões subcorticais internas. 

As áreas do cérebro ativadas em resposta aos sentimentos românticos são em grande parte sobrepostas com aquelas regiões que contêm altas concentrações de dopamina, um neurotransmissor associado à motivação, recompensa, desejo, dependência e estados eufóricos, que é liberada pelo hipotálamo, uma estrutura localizada no meio do cérebro, no que chamamos de cérebro emocional.

Ele também está ligado à geração de memórias, é por isso que as memórias afetivas tendem a marcar muito mais do que memórias não afetivas. Lembra que falei que aprendemos por repetição ou por trauma? Tá aí a explicação. 

Essas mesmas regiões se ativam com o uso de drogas como a cocaína, que costumam induzir estados de euforia. A liberação de dopamina deixa a pessoa em um estado de prazer agudo e intenso, bem como aumenta nossa motivação e parece estar intimamente ligada à formação de relacionamentos e ao sexo.

Um aumento na dopamina é acoplado a uma diminuição em outro neurotransmissor, a serotonina, que está ligada ao apetite e ao humor. Essa redução também acontece em pacientes com distúrbios obsessivo-compulsivos. Ou seja, o amor é uma espécie de obsessão e em seus estágios iniciais comumente imobiliza o pensamento e o canaliza na direção de um único indivíduo. 

Quando estamos apaixonados, sofremos com pensamentos invasivos e pouco controláveis da pessoa amada em momentos fora de contexto, caracterizando obsessão, ao mesmo tempo em que queremos cada vez mais e mais tempo próximos a esta pessoa, queremos engoli-la por inteiro, que diz respeito à compulsão. A serotonina distrai a mente de tal forma que uma pessoa pode ter pensamentos sobre a pessoa por quem está atraída por até 65% do dia.

Os hormônios oxitocina e vasopressina parecem estar ligados à fixação e união e são descarregados na corrente sanguínea, especialmente durante o orgasmo em ambos os sexos e durante o parto e amamentação em mulheres. Olha como dois tipos diferentes de amor podem estar interligados. A concentração desses neurotransmissores aumenta durante a fase de intenso romantismo.

Segundo estudos, a atração muitas vezes vem dos padrões das nossas experiências na vida, desde a primeira infância ou nossos progenitores, mas, de qualquer forma, algo que nos soa familiar. Tendemos a relacionar nossas memórias de infância e as pessoas daquela época com as pessoas que estamos encontrando no presente, pois isso nos dá confiança e segurança. Tentamos imitar e recriar as pessoas de nossa infância e reconhecer traços semelhantes de personalidade nas pessoas que encontramos agora. Se, por exemplo, seu melhor amigo era alto quando você era criança, isso pode explicar por que você é atraído por pessoas altas na atualidade.

Mas se a atração pode se originar de memórias e associações de infância, pode também crescer como resultado de uma comunicação consistente. O contato visual, por exemplo, é uma forma de linguagem corporal e indica que você está mantendo o foco total na pessoa com quem está se comunicando. Isso pode fortalecer os relacionamentos e serve como um meio de se destacar dos outros. Seria isso o amor?

Temos a ilusão de que encontramos nossa alma gêmea, mas a verdade é que o jeito mais fácil de fazer com que um casal de mamíferos se apaixone e se reproduza é mantê-los próximos durante algum tempo, portanto é a proximidade e não o cosmos.

Os opostos se atraem? Às vezes, a admiração por alguém se traduz em amor. A pessoa pode nos servir de espelho e nos mostra virtudes, aspirações ou dimensões que sempre desejamos para nós mas que, por algum motivo, não conseguimos. Isso significa que os opostos se atraem porque, no fundo, se complementam e preenchem as necessidades de cada um.

Mas por que então nos apaixonamos por algumas pessoas e por outras não? Muitos estudos falam sobre a importância dos chamados feromônios. São substâncias secretadas por algumas glândulas presentes nos lábios, nas axilas e no pescoço, graças a um órgão chamado vomeronasal, cheiro que a gente não sente de fato. É um odor que cria sensações, algo único em cada pessoa e que, de alguma forma, também nos identifica. Pense nos cachorros cheirando os bumbuns uns dos outros. 

Se são as pessoas certas ou não, só saberemos quando o tempo da paixão passar e a caminhada que construímos realmente for factível de ser percorrida juntos.

Então, para de ser doida, mulher, esse macho que qualquer outro é a mesma merda, só muda de endereço! Se você quer ter um relacionamento, sente, converse sobre os objetivos a longo prazo de cada um, estabeleça acordos, veja até que ponto você pode ceder, até que ponto não pode. Se conheça. Veja quais são seus valores inegociáveis e não os negocie. Veja também quais são os valores dos outros.


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