Disse que não faria e queimei minha língua!

Quando eu era mais nova, era muito “meu peito não é de silicone, sou mais macho que muito homem", vocês conhecem essa música? É Pagu, conhecida na voz da Maria Rita. Eu tinha essa música como um hino ao meu feminismo e hoje estou aqui toda plastificada chorando por causa de boyzinho. Tá chorando é demais, mas apaixonadinha por boyzinho (não deixo de fazer minhas merdas por causa de boy nenhum! Vamos deixar isso bem claro!), mas fico menininha, apaixonadinha, escutando música querendo que o boy estivesse comigo. Até vir o próximo boy, claro.

Também sou menininha no que diz respeito ao tanto que me deixo ser mulher, ao orgulho que tenho disso, ao fato de respeitar meus ciclos, minhas luas, meus momentos, ao fato de deixar homens serem os machos da relação. Lembro que assim que conheci meu ex-marido, em 2012, ele fazia a gentileza de cortar a carne pra mim quando saímos para um restaurante e ele faz isso até hoje (estamos separados há quase 3 anos) kkkkkk

Mas no início eu achava um absurdo a gentileza, afinal eu tenho mãos! Sou autossuficiente. Hoje estou tão cansada de tudo que se alguém quiser me vestir depois do banho, eu estou aceitando. Bota calcinha, pijama, meia… Se quiser fazer uma massagem no pé, também deixo!

Na minha visão, ser feminista era ser machinho e não tem nada a ver com isso. Eu posso ser feminista e isso querer dizer sobre liberdade, sobre outros conceitos e ainda assim aceitar uma gentileza vindo de um homem. O C* não tem nada a ver com as calças…

Minha visão também mudou bastante em relação a drogas. Não uso drogas, continuo não usando, mas também não sou radical e acho que, se aos 4-0 anos a gente não puder se dar ao luxo de experimentar algumas coisitas novas, quando o faremos?

Outro dia estava conversando com um boyzinho sobre coisas que potencializam o sexo e algumas drogas podem fazê-lo. Ele foi radicalmente contra e eu, na idade dele, também era. Hoje me deixo aproveitar, me concedo, experimento, pois já tenho idade para isso e nada vai afetar o meu desenvolvimento neuronal a essa altura da vida.

Tem noção que chegamos na metade da vida? E cheguei bem, sem ter feito nenhuma merda irreversível, trabalhando muito, com uma empresa, com amigos empresários e ainda assim uma mulher que se concede experimentar.

Outro dia fui num clube de swing. Gente, como eu vivi a minha vida inteira sem isso? Nunca fui contra swing, muito pelo contrário, mas ia na onda de muita gente que dizia que esses locais tinham uma energia pesada. Quando eu fazia swing, sempre foi tudo no respeito, mas eu nunca tinha ido numa boate de swing e continuou sendo tudo muito no respeito, casais apaixonados, camisinha, respeito à mulher.

É aqui fora que os homens passam a mão na nossa bunda sem a gente autorizar. É aqui fora que eles batem e xingam e nos humilham, na casa de swing é só amor e respeito, homem e mulher, mulher e mulher, mulher solteira e casal, todo mundo se divertindo e respeitando. E você pode se divertir fazendo várias coisas que não necessariamente sexo, ok? É uma boate normal, dá pra ir com as amigas, tomar uns bons drinks, dançar músicas legais. Conhecer gente nova e casais liberais. Até o uber que nos trouxe de volta foi altamente respeitoso.

A gente só é xingada de piranha aqui fora, lá dentro todo mundo sabe viver!

Ter novas experiências sozinha também ficou muito mais fácil depois dos 40. Hoje meu mote é “ninguém paga minhas contas”, se quiserem falar de mim, falem, mas paguem uns boletos também. Meu ex gosta de me julgar por como eu me visto, por como eu falo, pelas coisas que eu faço, mas chuta quem paga as contas dos nossos 7 cachorros? Chuta quem às vezes paga até umas contas dele? Pois é…

Antes eu tinha uns grilos em relação ao meu corpo, pois tinha saudade de quando era magrinha. Eu era magrinha e bobinha, hoje sou um mulherão com bunda, com peito… Quando percebi que os homens me acham gostosa assim e que ninguém liga se estou acima do peso ou não, parei de ligar também. A barriga, que realmente me incomodava, foi pro saco (literalmente, uma foto com um saco que pele e gordura na balança da minha cirurgia! kkkkkkkk).

Vacilei de pegar meu ex por insegurança, agora ele está namorando e eu fiquei na vontade, só porque ele me conheceu magra e eu não queria que ele me visse gostosa. Porque gorda é sinônimo de gostosa. Que insegurança besta! Tem homem se estapeando pra me ter e eu com frescurite em relação ao meu corpo…. Parei com isso também.

Hoje eu convivo muito melhor com casais do que quando era mais nova. Esse é outro preconceito que eu venho tirando… Se as pessoas preferem viver uma vida de casado, é porque a vida de casado tem suas vantagens (embora, na minha cabeça, ela tenha muitas desvantagens também!). Mas aí eu achava que só a vida de solteira prestava, que casamento era uma grande hipocrisia e só. Na verdade é, mas aqui fora também vivemos numa grande hipocrisia só muda de uma hipocrisia A para uma hipocrisia B.

Um preconceito que eu nunca tive, mas que fica insignificante com o passar do tempo é com homens mais novos e independente da sua profissão. Eu adoro um novinho, mas isso vocês já sabem, né? Mas eu adoro um proletário também e se tiver que bancar eu banco, sem grilo. Eu namorei um novinho (proletário também, porque pode vir os dois em um só!) e morria de vergonha de parecer mais velha, até que ele achou que eu tinha vergonha dele e, na verdade, ele não tinha problema nenhum comigo sendo mais velha… Grilo idiota…

É assim que, com 40 a gente vai tendo a cabeça mais aberta e mais disposição para aprender. Aliás, outro dia um novinho me ensinou uma coisa completamente nova na cama e eu fiquei toda boca de ter aprendido algo novo. Já quero usar com todo mundo, é claro! Mas é legal porque ele não teve vergonha nenhuma de ensinar e eu não tive vergonha nenhuma de aprender. Logo eu que achava que era a deusa do sexo! Acho que esse até merece uma presentinho pela generosidade, até porque ele sabe que eu vou usar com outros, foi só generoso mesmo…

Então é assim que a gente vai tirando os grilos, abrindo a mente, aprendendo sempre algo novo e mordendo a língua, uma linguinha linda de 30 anos cheia de amarras e não me toques. Meninas de 30, aos 40 tudo muda, mas dizem que aos 50 é estupidamente melhor! Não vejo a hora de chegar lá! Não forcem coisas em que vocês não acreditam porque eu estou aqui dizendo que é bom ou porque os amigos dizem que você deve fazer. O momento chega e sua cabeça muda. É aí que você vai se sentir segura para fazer essas coisas, não coloque o carro na frente dos bois, mas acredita na tia, esse momento chega e muita coisa muda!