A Mulher selvagem que há em você!

 



Bom dia, boa tarde e boa noite, minhas mulheres leoas! Você, mulher, que já aguentou tanto problema e tanta dor de cabeça, já procurou dentro de si a mulher selvagem e sobrevivente que há dentro de ti? Recentemente lemos o livro intitulado "Mulheres que correm com os lobos". Hoje vamos passar por ele e o que achamos.

De um ano para cá comecei a seguir o perfil da Isabele Moreira, que foi quem aconselhou muito a leitura do livro. Só para contextualizar, a Isabele passou por um relacionamento tóxico, separou, saiu do mundo corporativo e, durante seu desenvolvimento pessoal, descobriu quem ela era, o que ela queria (e o que não queria, principalmente). No ambiente de trabalho no mundo corporativo, ela se encontrou com todos os métodos de produtividade, método ágeis, quando deixou o mundo corporativo e começou a fazer consultoria para o mundo corporativo, percebeu que era a caixinha em que ela estava que não estava boa e se descobriu selvagem. Ela gosta de vestidos, pé no chão e de dar um mergulho no mar toda manhã, é isso que preenche a vida dela. Acordar cedo, mas não ir trabalhar cedo, gosta de ler, meditar antes de os filhos acordarem, depois ela gosta de ter um tempo com eles. Ela entendeu exatamente o que queria da vida e descobriu, no digital, uma forma de viver sua mulher livre e selvagem.

Essa mulher selvagem está em todas nós, mas somos naturalmente livres e selvagens, livres para nos expressarmos, para vivermos, para corrermos com os lobos, mas fomos, durante séculos e séculos, domesticadas para não falarmos o que pensamos, para não fazermos o que sentimos que devemos fazer, para seguir os preceitos da sociedade e nos calarmos diante das críticas e diante das pessoas que querem que sejamos puras e frágeis.

Nossa essência não é pura e frágil, nossa essência é corajosa, intuitiva, curiosa (pense em como é vista a curiosidade da mulher ao longo da história: fuxiqueira, fofoqueira, mete o nariz em tudo, enquanto o homem tem uma curiosidade investigativa, é o cientista, mundialmente reconhecido).

A autora de “Mulheres que correm com os lobos”, Clarissa Pinkola Estés, uma psicóloga americana, mas com raízes mexicanas e húngaras, analisa vários contos, histórias da cultura popular, destacando os estereótipos da Mulher Selvagem. A mulher é sempre vista como ingênua, e sempre se casa com o mau da história por ingenuidade. Já perceberam isso? Nunca ela questiona a bondade do marido. O Arquétipo da Mulher velha é sempre de bruxa, nunca de sábia.

São características que nos foram incutidas desde cedo, através de histórias, livros, televisão, propaganda etc. e que nós nunca questionamos, simplesmente absorvemos e só. Depois do final feliz será que temos realmente um final feliz?

A Isabele Moreira resgatou a sua mulher selvagem e, sabendo muito bem o que queria e o que não queria, conseguiu resgatar seu casamento nos seus termos e hoje vive feliz com seu marido e seus filhos, perto do mar, com produtos digitais que são a sua cara.

Muito desse resgate é feito através da arte, até porque a criatividade da Mulher Selvagem também foi minada, já que a mulher tem a capacidade de gerar (imagina que uma mulher que tem a capacidade de parir pode ser vista como frágil? Aonde?), por isso é extremamente criativa e isso pode ser resgatado através das artes, você já resgatou a sua criatividade? Já resgatou um momento para a sua mulher selvagem hoje?

Acho que muitas mulheres passam por esse resgate depois dos 40, que é quando estamos entendendo mais sobre nós mesmas e buscando mais sobre nós mesmas e se sentem perdidas nessa busca. Olha aí um nicho de trabalho bem legal de ser explorado, não no mau sentido, mas para quem é coach, psicóloga, tem uma série de mulheres aí prontas para terem suas Mulheres Selvagens resgatadas. Muitas estão se separando aos 40, com seus filhos mais grandinhos, e já conseguem olhar para si.

Eu preciso dizer que fiz o caminho inverso: nunca permiti que meus pais me colocassem numa caixa, que me pusessem rédeas e por isso sempre fui considerada a filha rebelde, rebelde sem causa (minha mãe me chamava muito assim), nunca permiti que a sociedade me domesticasse e sofri muito com isso. Acho que essa é uma dor inerente à mulher: esse resgate, quer você passe pela fase de redescoberta ou quer você nunca tenha se alinhado aos preceitos sociais, sempre há aí uma dor, um sofrimento.

Eu sofro muito quando as pessoas me dizem: você ia ser uma ótima mãe, sabendo que eu não quero ter filhos, por exemplo. É uma forma sutil de me amarrar numa coisa que a sociedade acha que é o certo para cada mulher. Eu, particularmente, acho que temos mil formas de gerar, não nego que carregamos essa chama dentro de nós, mas gerar um filho não é a única delas. Eu gosto de gerar negócios e isso dói, negócios morrem, negócios passam por crises e nós estamos sempre ali atrás tentando sustentar. Não é fácil, mas é a forma que eu achei de devolver ao mundo o que ele me trouxe de bom.

Eu emprego várias pessoas, cuido delas, das suas famílias, sou responsável por elas. É um peso difícil de carregar, mas sempre fiz isso sendo muito fiel à minha essência: eu falo mesmo, falo palavrão, bebo, passo vexame, mas sou altamente responsável com as minhas coisas desde muito nova. Sou responsável com a minha saúde mental, por pedir ajuda quando necessito, mostro vulnerabilidade quanto tenho que mostrar, para quem tenho que mostrar.

Porque também tem o estereótipo (o nome certo é arquétipo, mas eu não sou especialista nessas coisas) da mulher heroína, que também não é o “certo", a mulher não tem que aguentar tudo, ser perfeita em tudo. Odeio quando falam que sou uma guerreira: meu filho, eu sou medicada, não se esqueça! Eu caio, eu choro, eu deixo projetos pela metade, minha vida sentimental é um caos, se vista de fora.

No mundo empresarial nunca deixei me domarem, sempre falei: vão me aceitar pela minha competência e não pelo fato de ser boazinha ou quietinha: eu falo o que tem que ser dito, luto pelo que acredito e, por isso, demoro um pouco mais para conseguir as coisas. No BNI, por exemplo (falei do BNI no É hora de ter tempo da semana passada), demorei 4 anos para chegar a um cargo de Liderança que sempre soube que era perfeito para mim. Isso tudo porque sempre joguei no ventilador as coisas que acho erradas, as injustiças, as coisas que penso. Lidar com pessoas não é fácil, mas devemos saber de pessoas para lidar com elas e, somos nós que ensinamos ao outro como eles devem nos tratar. Por isso, faço questão de deixar sempre muito claro o manual para lidar comigo.

Então hoje quis falar com você que precisa desse resgate ou com você que já vive a Mulher Selvagem livre leve e solta e que sofre com isso. Tem gente que talvez consegue segurar essa mulher melhor do que eu e que tenha inteligência suficientemente para resgatar essa mulher selvagem de uma forma mais equilibrada, sem se ferir nem ferir ninguém, mas é por isso que a gente faz terapia, não é mesmo? Aliás, façam. Independente de terem algum problema específico para resolver.

Se estiver se sentindo presa, amarrada, calada, saiba que é essa mulher selvagem querendo ser libertada, permita que isso aconteça, pois é a sua própria natureza. Você, mulher, contém vários arquétipos dentro de você, pois tem ciclos: a criança, a jovem, a mulher que gera e a velha sábia. Saiba tratar de todas elas, cuidar de todas elas, aceitar seus momentos, seus ciclos, escreva um diário que vai ficar muito claro que há momentos de maior criatividade, há momentos de maior introspecção, há momentos mais moleca. Respeite esses momentos, eles compõem quem você é, pois você não é uma só e não precisa estar numa caixinha.

Por isso empreender talvez seja para nós: pois requer criatividade e mudança de atividade, o tédio pega nós mulheres de calças curtas muitas vezes e precisamos de ar. Precisamos mudar os ares. Quem nunca mudou a disposição dos móveis em casa porque precisava de um ambiente novo ou não cortou o cabelo para uma mudança de ciclo. Já viram homem fazer isso?

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