Isabella's Story

 



Filha única de pais problemáticos, sempre tive a ideia fixa na cabeça de ir morar sozinha e, quando meus pais finalmente se separaram, consegui meu feito: fui emancipada aos 17 anos e, com a ajuda financeira do meu pai que não queria morar com filho, aluguei meu primeiro apartamento em Niterói enquanto fazia cursinho pré-vestibular para passar em Comunicação, feito esse nunca conseguido.

Pensei então que, para ter minha independência financeira mais rápido, deveria utilizar algo que eu tinha de bom e que me desse dinheiro rápido: fui fazer Letras Português-Italiano já que, como na infância eu morei na Itália, tinha o italiano fluente como segunda língua. Mais do que professora (que é a vontade de 99% das pessoas que fazem Letras, eu queria ser tradutora desde o primeiro período.

Terminei minha faculdade em 3 anos, fui fazer mestrado na Federal da Bahia que tinha o núcleo de História da Língua mais renomado do Brasil na época e logo passei na seleção para professora universitária e, com meus 24 aninhos já estava em sala de aula ensinando língua Portuguesa.

Em 2007 fui para Portugal fazer meu Doutorado em Língua Portuguesa e voltei 5 anos depois dando aula nas mais renomadas universidades do Rio de Janeiro como UERJ e UFRJ. Chegar na UFRJ foi uma surpresa para mim, pois uma das melhores universidades do país tinha um sistema educacional extremamente tóxico, com muitos alunos filhinhos de papai que só estavam lá para passar o tempo. Eu não podia perder meu tempo fazendo aquilo, pois tinha que fazer alguma diferença no mundo.

Em 2009, ainda no Doutorado eu passei para o concurso de Tradutor Juramentado e logo que voltei ao Brasil montei uma empresa de Tradução Português-Italiano que foi crescendo aos poucos até que ficou pequena para que eu me dividisse entre as aulas na UFRJ e as Traduções. Larguei a Universidade e fui viver meu sonho de ser empresária.

Mas ser dona de empresa te requer uma série de competências que a gente nem imagina e foi assim que, depois de ter estudado Produtividade por anos, passei para o Coaching e depois para os estudos empresariais na PUC-RS com muito afinco e fui cuidar do meu bem mais precioso: a minha empresa e, dentro da minha empresa, minha equipe.

Hoje o trabalho com equipes de alta performance é o que mais me faz brilhar os olhos, pois, após formar uma equipe altamente comprometida com o trabalho, consigo replicar isso nas empresas que estejam realmente focadas em fazer da sua equipe um grupo de funcionários produtivos e que deem de fato muito retorno para o seu empregador trabalhando felizes. Há técnicas para isso, para a Liderança não existe um gene que vem hereditariamente com a pessoa, mas tem como ir aprendendo e aplicando essas ferramentas para, no final, chegar ao resultado esperado.

Hoje me considero uma mulher realizada e bem sucedida, mas isso depois de ralar muito no operacional, depois de estudar muito, fazer todas as especializações de Coaching e MBAs (fiz 3) para chegar nesse patamar. Competências que tive que desenvolver:

Ter um objetivo muito forte desde cedo: eu queria minha independência financeira desde muito cedo, portanto, eu já sabia qual era minha despesa (pois já morava sozinha) e sabia quanto tinha que ganhar

Abri mão de certas "regalias" como ter carro (eu só vim ter carro com 35 anos) para poder pagar um apartamento e todas as despesas que morar sozinha e fazer uma faculdade implicam

Tinha muito claras as competências que eu ia usar para isso: eu sabia italiano e sempre fui uma boa comunicadora, ser professora e/ou tradutora seria algo fácil e agradável de se fazer. Era meu sonho? Não. Mas para aquele momento era o degrau que eu poderia subir para chegar ao meu sonho. (meu sonho sempre foi ser empresária desde que vi Pernas pro Ar 1, mas principalmente o )2, em que elas estão em Nova Iorque, carregando a malinha nas pontes aéreas da vida)

Tive que ter empatia com a minha equipe, ser humana, ter vocação para chefia não foi o suficiente. Comecei a perceber que quanto mais felizes os funcionários era, mais trabalhavam e trabalhavam bem.

Comecei a delegar funções: essa foi a parte mais difícil, abrir mão das coisas que eu achava que só eu fazia bem. Continuo achando, mas agora acho que eu posso usar o tempo que me sobra para fazer muito mais dinheiro que antes

Comecei a compartilhar conhecimento, conhecimento preso, só para mim não faz sentido. Compartilhei todos os meus macetes e eles aperfeiçoaram, hoje eles me dão um banho em matéria de tradução e nas funções administrativas também

Dar autonomia e responsabilidade na dose certa para os funcionários sem sobrecarregá-los e sempre acreditando neles. Deixando sempre uma via de comunicação aberta para que eles possam desabafar e dar sugestões sobre o trabalho, afinal são eles que estão na linha de frente

Não existe plano B. Só o plano A pode dar certo e a gente tem que trabalhar até ele dar certo. Se você refletiu bem sobre o que mais gosta de fazer da vida sobre o que você sabe fazer (ou pode aprender), sobre o que mais dá dinheiro, sobre o GAP de mercado que o mundo tem, você já sabe o que precisa ser feito. Não corra atrás de várias coisas ao mesmo tempo. Somente com esses 4 pilares você vai conseguir realmente fazer dar certo. Se pensar só no dinheiro, não vai ter força, fôlego e estômago para fazer o que quer. Se não pensar no GAP de mercado, vai estar sempre no Mar vermelho da concorrência acirrada.

Leiam o livro "A Estratégia do Oceano Azul" lá conta a história do Cirque du Soleil que não é teatro, não é espetáculo de dança nem circo é tudo isso ao mesmo tempo, para um público que não tinha nenhuma opção cultural para assistir. Não demanda tanto como uma peça de teatro, dá para levar as crianças, não mexe com animais e não é cruel com eles e atinge um público “bem de vida".


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